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SÃO PAULO, 3 Fev (Reuters) – A produção industrial do Brasil encerrou 2022 com queda de 0,7% em relação ao ano anterior, informou o IBGE nesta sexta-feira, perdendo alguns dos ganhos que o setor registrou em 2021 após uma retração relacionada à pandemia.

O IBGE disse que o recuo ocorreu devido ao aumento das taxas de juros, que afetou diretamente o custo do crédito, além da alta inflação que afetou o consumo das famílias na maior economia da América Latina.

Economistas esperam que o cenário sombrio continue depois que a produção permaneceu inalterada em dezembro em relação a novembro (BRIO=ECI), correspondendo à estimativa mediana do mercado em uma pesquisa da Reuters.

Após iniciar 2022 com tom positivo devido às medidas de estímulo do governo, o setor industrial brasileiro vacilou no segundo semestre.

Andres Abadia, economista-chefe para a América Latina da Pantheon Macroeconomics, disse que a recessão industrial provavelmente continuará no primeiro trimestre devido a “taxas de juros extremamente altas, o efeito defasado de problemas persistentes de oferta e crescimento global menos favorável”.

Na comparação com o ano anterior, o IBGE informou que a produção em dezembro recuou 1,3% (BRIOY=ICE), ligeiramente abaixo do consenso de queda de 1,1%.

William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics, disse que os novos dados mostram que o setor foi um empecilho para a economia brasileira no final de 2022, com sinais iniciais indicando que janeiro não foi melhor.

“Mesmo assim, está claro que o banco central está focado em aumentar os riscos de inflação, em vez de enfraquecer a atividade, e esperamos que as taxas de juros sejam mantidas inalteradas durante a maior parte deste ano”, disse Jackson.

O banco central manteve na quarta-feira sua taxa básica de juros em 13,75%, a maior alta em seis anos, e disse que está considerando manter a taxa de juros nesse nível por mais tempo do que os mercados esperam devido aos riscos fiscais.

A produção industrial do Brasil permanece 2,2% abaixo dos níveis pré-pandêmicos de fevereiro de 2020 e 18,5% abaixo da máxima histórica de maio de 2011, disse o IBGE.

Fonte: Reuters | Foto: CNI/José Paulo Lacerda.